A silly-season chegou mais cedo ao burgo e, desta vez, pela braço (des)armado. Nada menos do que o próprio CEMGFA, das mais feias siglas estatais dada ao General que os politiqueiros escolhem para domesticarem os militares.
E que se ofereceu dizer a Sua Excelência o General-Chefe? Que o valor do material desaparecido em Tancos se situava em 34.000 euros.
Que sorte! Se fosse um banco era pior. Como já estamos habituados aos milhões, 34.000 é peaners, diria Jorge Jesus.
O CEMGFA acrescentou que, "como nós dizemos na gíria militar", parte do material estava para abate. Saiba Vossa Excelência que ir para abate é de compreensão pública, não é uma expressão hermética. Mas o Povo agradece pois todo o burro come palha, a questão é saber dar-lha.
Então o material estava para abate e em princípio os lança-foguetes não funcionarão? Quase me faz crer que os 34.000 euros pagaram o camião das mudanças.
Depois das risadas internacionais, da parafernália de teorias explicativas, de exonerações e demissões para todos os gostos, o Governo tenta encerrar este espectáculo com o garbo a que nos habituou: um número de circo.
Nem poderia ser de outra maneira! E para tal reuniu intérpretes de gabarito (o próprio PM, o ministro Az"a"rado Lopes, o CEMGFA - que faz gala da sua forma física exemplar para todos os subordinados - e outras três múmias fardadas) para anunciar paternalmente ao Povo Lusitano que o dano não foi tão extenso assim e que os ladrões não vão longe com aqueles lança-foguetes.
E assim se obtém desses malvados uma vingança de nível hollywoodesco, o triunfo em diferido do Bem: os gajos vão a usar aquilo e pumba, não funciona, "bem feita", para gáudio do pacífico cidadão que pode respaldar-se num PM que vai de férias quando o País está a arder e é assaltado (é verdade, a crer nas parangonas da comunicação social, Pedrógão já passou...), justificando que eram férias planeadas.
Estes generais, homens com quase 40 anos de serviço, chefes de um Exército carregado de heróis em todas as épocas e lugares onde Portugal passou, encarneiram desta maneira perante políticos que nem ao lugar onde estão chegaram decentemente.
Porque é isso, em Portugal já se perdeu a decência.
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